Resto 310/b

"Era, sem dúvida, nas alamedas do parque que se passou a tragédia de que resultou a vida. Eram dois belos e desejavam ser outra coisa; o amor tardava-lhes no tédio do futuro, e a saudade do que haveria de ser vinha já sendo filha do amor que não tinha tido. Assim, ao luar dos bosques próximos, pois através deles se coava a lua, passeavam, mão dadas, sem desejos nem esperanças, através do deserto próprio das áleas abandonadas. Eram crianças inteiramente, pois que o não eram em verdade. De álea em álea, silhuetas entre árvore e árvore, percorriam em papel recortado aquele cenário de ninguém. E assim se assumiram para o lado dos tanques, cada vez mais juntos e separados, e o ruído da vaga chuva que cessa é o dos repuxos de onde iam. Sou o amor que eles tiveram e por isso os sei ouvir na noite que não durmo, e também sei viver feliz."