Resto 374/b

"Mais do que outras artes, são a literatura e a música propícias às subtilezas de um psicólogo. As figuras de romance são — como todos sabem — tão reais como qualquer de nós. Certos aspectos de sons têm uma alma alada e rápida, mas susceptíveis de psicologia e sociologia. Porque bom é que os ignorantes o saibam — as sociedades existem dentro das cores, dos sons, das frases e há regimes e revoluções, reinados, políticas e (...) — há-os em absoluto e sem metáfora — no conjunto instrumental das sinfonias, no todo organizado das novelas, nos metros quadrados de um quadro complexo, onde gozam, sofrem, e misturam as atitudes coloridas de guerreiros, de amorosos ou de simbólicos.

Quando se quebra uma chávena da minha colecção japonesa eu sonho que mais de que um descuido das mãos de uma criada tenha sido a causa, ou tenham estado os anseios das figuras que habitam as curvas daquela (...) de louça; a resolução tenebrosa de suicídio que as tomou não me causa espanto: Serviram-se da criada, como um de nós de um revólver. Saber isto é estar além da ciência moderna, e com que precisão eu sei isto!"