" Não toquemos na vida nem com as pontas dos dedos.
Não amemos nem com o pensamento.
Que nenhum beijo de mulher, nem mesmo em sonhos, seja uma sensação nossa.
Artífices da morbidez, requintemo-nos em ensinar a desiludir-se. Curiosos da vida, espreitemos a todos os muros, antecansados de saber que não vamos ver nada de novo ou belo.
Tecelões da desesperança, teçamos mortalhas apenas - mortalhas brancas para os sonhos que nunca sonhámos, mortalhas negras para os dias que morremos, mortalhas com cor de cinza para os gestos que apenas sonhámos, mortalhas imperiais-de-púrpura para as nossas sensações inúteis."