"Tudo é absurdo. Este empenha a vida em ganhar dinheiro que guarda, e nem tem filhos a quem o deixe nem esperança que um céu lhe reserve uma transcendência desse dinheiro. Aquele empenha o esforço em ganhar fama, para depois de morto, e não crê naquela sobrevivência que lhe dê o conhecimento da fama. Esse outro gasta-se na procura de coisas de que realmente não gosta...
Um lê para saber, inultimente. Outro goza para viver, inutilmente.
Vou num carro eléctrico, e estou reparando lentamente, conforme é meu costume, em todos os pormenores das pessoas que vão adiante de mim. Para mim os pormenores são coisas,vozes,letras.
...sigo, nos livros, a compatibilidade de tudo; mas não é só isto: vejo; para além, as vidas domésticas dos que vivem a sua vida social nessas fábricas e nesses escritórios...Todo o mundo se me desenrola aos ohos só porque tenho diante de mim...
Toda a vida social jaz a meus olhos.
Para além disto pressinto os amores..."