" Remoinhos,redemoinhos, na futilidade fluida da vida! Na grande praça ao centro da cidade, a água sobriamente multicolor da gente passa, desvia-se, faz poças, abre-se em riachos, junta-se em ribeiros. Os meus olhos vêem desatentamente, e construo em mim essa imagem áquea que , melhor que qualquer outra, e porque pensei que viria chuva, se ajusta a este incerto movimentos.
Ao escrever esta última frase, que para mim exactamente diz o que define, pensei que seria útil pôr no fim do meu livro,quando o publicar, abaixo das "Errata" umas "Não-Errata",e dizer:a frase "a este incerto movimentos",na página tal, é assim mesmo, com as vozes adjectivas no singular e o substantivo no plural.Mas que tem isto com aquilo em que estava pensando? Nada, e por isso me deixo pensá-lo.
À roda dos meios da praça, como caixas de fósforos móveis, grandes e amarelas, em que uma criança espetasse um fósforo queimado inclinado, para fazer de mau mastro,os carros eléctricos rosnam e tinem; arrancados, assobiam a ferro alto.À roda da estátua central as pombas são migalhas pretas que se mexem, como se lhes desse um vento espalhador. Dão passinhos, gordas sobre pés pequenos. E são sombras, sombras..."