" Invejo - mas não sei se invejo - aqueles de quem se pode escrever uma biografia, ou que podem escrever a própria. Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos,a minha história sem vida. São as minhas Confissões,e ,se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer.
Que há-de alguém confessar que valha ou que sirva? O que nos sucedeu, ou sucedeu a toda a gente ou só a nós; num caso não é novidade,e no outro não é de compreender.Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.O que confesso não tem importância, pois nada tem importância.Faço paisagens com o que sinto.Faço paisagens com o que sinto.Faço férias das sensações. Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as que fazem meia porque há vida...Não as interpreto, como quem usasse cartas para saber o destino.
Viver é fazer meia com uma intenção dos outros...Uma acuidade horrível das sensações, e a compreensão profunda de estar sentindo...Uma inteligência aguda para me destruir, e um poder de sonho sôfrego de me entreter...Uma vontade morta e uma reflexao que a embala..."