" Tudo quanto fazemos, na arte ou na vida, é a cópia imperfeita do que pensámos em fazer.Desdiz não so da perfeição externa, senão da perfeição interna; falha não só à regra do que deveria ser, senão à regra que julgávamos que poderia ser. Somos ocos não só por dentro, senão também por fora, párias da antecipação e da promessa.
Com que vigor da alma sozinha fiz página sobre reclusa, vivendo sílaba a magia falsa, não do que escrevia, mas do que supunha que escrevia! Com que encantamento de bruxedo irónico me julguei poeta da minha prosa, no momento alado em que ela me nascia, mais rápida que os movimentos da pena, como um desforço falaz aos insultos da vida!"