Resto 103/b
" Penso às vezes no belo que seria poder, unificando os meus sonhos, criar-me uma vida contínua, sucedendo-se, dentro do decorrer de dias inteiros, com convivas imaginários com gente criada, e ir vivendo, sofrendo, gozando essa vida falsa. Ali me aconteceriam desgraças; grandes alegrias ali cairiam sobre mim. E nada disso seria real. Mas teria tudo uma lógica soberba, sua; seria tudo um ritmo de voluptuosa falsidade, passando tudo numa cidade feita da minha alma, perdida até (ao) cais à beira de um comboio calmo, muito longe dentro de mim...E tudo nítido, inevitável, como na vida exterior, mas estética de Norte a Sul."