Resto 327

" Comparados com os homens simples e autênticos, que passam pelas ruas da vida, com um destino natural e calhado, essa figuras dos cafés assumem um aspecto que não sei definir senão comparado-as a certos duendes de sonhos - figuras que não são de pesadelo nem de mágoa, mas cuja recordação, quando acordamos, nos deixa, sem que saibamos porquê, um sabor a um nojo passado, um desgosto de qualquer coisa que está com eles mas que se não pode definir como sendo eles.
Vejo os vultos dos génios e dos vencedores reais, mesmo pequenos, singrar na noite das coisas sem saber o que cortam as suas proas altivas, nesse mar de sargaço de palha de garrafas e aparas de cortiça.
Ali se resume tudo, como no chão do saguão do prédio do escritório, que, visto atravé das grades da janela do armazém, parece uma cela para prender  lixo."