"Que é viajar, e para que serve viajar? Qualquer poente é o poente; não é mister ir vê-lo a Constantinopla. A sensação de libertação, que nasce das viagens?...porque se a libertação não está em mim, não está, para mim, em parte alguma. «Qualquer estrada», disse Carlyle, « até esta estrada de Entepfuhl, te leva até ao fim do mundo.» Mas a estrada de Entepfuhl, se for seguida toda, e até ao fim,volta a Entepfuhl;de modo que o Entepfuhl, onde já estávamos, é aquele mesmo fim do mundo que íamos a buscar.
Condillac começa o seu livro célebre,«Por mais alto que subamos e mais baixo que desçamos, nunca saímos das nossas sensações». Nunca desembarcamos de nós. Nunca chegamos a outrem, senão outrando-nos pela imaginação sensível de nós mesmos. As verdadeiras paisagens são as que nós mesmo criamos, porque assim, sendo deuses delas, as vemos como elas verdadeiramente são, que é como foram criadas."